quinta-feira, 18 de setembro de 2008

o quadril

Proponho-me a vomitar aqui as impressões de cada encontro com minhas alunas - tantas vezes minhas professoras, colegas, amigas! - alimentada pelo frescor de seus movimentos.
Há algumas aulas que estamos trabalhando a especificidade do movimento do quadril no flamenco. E finalmente, percebi dicas que fizeram toda a diferença e colocaram-nas em outra relação com seus corpos e com o chão em que pisam.
Sempre parti das minhas próprias relações com o meu corpo para lhes dar orientações de movimento, evitando que elas se orientassem puramente pela cópia dos meus movimentos, já que isto lhes possibilita um outro acesso ao corpo que não tenho visto como totalmente eficiente. Sou contra a restringir-se a cópia do movimento, sobretudo o do quadril, uma região que carrega tantos sentidos, expressos em tantas nuances de balanços e volteios.
A primeira coisa é sentir o peso do quadril, de fato a região mais pesada do corpo. É assumir esse peso e ajustar os membros inferiores para comportá-lo e colocá-lo na roda. Nisso a flexão dos joelhos ajuda muito. Os ísquios então precisam estar conectados com os calcanhares e eis que surge a famosa pantográfica dos membros inferiores. O meu corpo assim como o das minhas alunas - também o teu! - é incrivelmente bem bolado. As forças se esparramam para sustentar e mover um bundão bem como é bom que seja. Minhas alunas odeiam quando eu falo isso, mas gosto de repetir o que uma vez ouvi de um professor: para bailar tem que se sentir gorda! Foi sempre um dos meu grandes desconfortos sentir-me assim, mas pensar na força poética disso foi surpreendentemente potente para mim.
Ok, mas apesar de tudo isso, tínhamos um quadril leve demais em aula. Trouxe-lhe, então, a imagem de uma cintura, ou de uma região da coluna lombar que jamais encolhe, mesmo que o balanço da cadeira de um lado para o outro possa num primeiro momento, e aparentemente, ter isso como necessário. Mas se pensarmos que a inclinação do quadril se faz a partir do assoalho pélvico em direção ao solo e da imagem do cóccix e dos ísquios na mesma direção, podemos mover nossa cintura com muito espaço, sem prensar cada lado da cintura. Trabalhando com a imagem dos discos intervertebrais lombares que não são prensados, mas expandidos de um lado e depois de outro. Eu sinto muito meus músculos abdominais trabalhando, como nenhuma retroversão de pelve até hoje me exigiu.
Confuso? Por favor, caro leitor, experimente isso em casa, e me dê o seu retorno. Se algo não ficou claro eu penso em melhores maneiras de explicar essa questão.
Tem muuuuito mais para escrever sobre meu quadril, mas preciso esperar o fôlego para o próximo capítulo...

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