sexta-feira, 20 de março de 2009

surto nºI

Durante um tempo achei que este blablablog já não fosse mais útil. Por vezes pensei até em deletá-lo... no entanto, o processo eclodido com os primeiros passos do monstro me mostra agora o porque de eles percorrerem caminhos, os caminhos deste monstro. O processo continua. Jamais ousei dizer que eles terminariam com a entrega de meu trabalho de conclusão, mas só agora que essa constatação fez sentido de novo. Melhor lugar para relatar esses desdobramentos do que o blablablog não haveria.

Não posso permitir que minha arte se entregue àquilo que eu abomino no mundo. Que tudo que eu busque e afirme caia no vazio.

Nos últimos dias eu adoeci. Adoeci porque minha arte adoecia. Algo não andava bem, e isso porque minha arte andava por um caminho equivocado. Insultei pessoas, tomei atitudes severas com outras. Atitudes que até fazem sentido dentro de uma certa lógica, mas segundo a qual não quero mais jogar, ou não mais obrigar a minha arte a jogar. Acredito sim que a arte seja resistência, ela não é negócio, ao menos não essa arte política e de coração a qual eu me proponho.
Eu posso dançar para ganhar dinheiro, mas não posso deixar que minha dança, minha arte, virem um negócio, uma mercadoria. Não quero dar uma aula que precise seduzir o aluno a não me trocar pela concorrência. Sim, a concorrência vira uma questão uma vez que a aula tem como fim suprir os desejos imediatistas de um público seleto e se torna um meio de sustento no sistema. A arte passa a reproduzir o que ela mesma discursa contra.

Como será minha vida se eu evitar o consumo? Se eu consumir sorrisos e abraços, ao invés de doces e bebidas. Cultivar a beleza no que vejo ao invés do meu próprio visual. Contar mais com os favores ao invés de pagar por tudo o que preciso. Fazer mais favores ao invés de cobrar por tudo o que ofereço. É preciso ressignificar toda uma vida para que a arte volte a fazer sentido. Viver de migalhas?
Se eu sou contra o sistema, o que faço para sobreviver nele? Quanto dinheiro eu de fato preciso para isso e assim poder afirmar minha arte como instrumento de resistência e luta pelo que há de mais poético no ser humano.

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